terça-feira, 17 de agosto de 2010

Decifrando as esferas e o caminho da arvore cabalistica

Cada uma das esferas que compõe a Árvore da Vida representa um princípio cósmico e arquetípico. Diz-se que elas são emanações divinas mas não devemos aqui associa-las ao conceito que normalmente temos de Deus.



Deus não pode ser considerado um ser antropomórfico que rege o cosmos ou ser comparado a qualquer coisa existente em nosso mundo. Nem sequer podemos dizer que Deus existe. Afirmar sua existência seria delimitá-lo e prende-lo em nossos conceitos. Deus, por definição e natureza, transcende a qualquer capacidade humana de pensamento o discernimento. Ele é o Todo, o Absoluto, o Princípio Primordial de onde emana toda a criação. E é bom que ressaltemos este ponto: tudo é emanação. Assim a criação não é propriamente criação mas sim emanação, isto é, não há propriamente distinção entre criador e criatura. A criação não se separa do criador mas existe nele. O homem, como tudo no universo, é um indivíduo em Deus. É um erro dissocia-lo de seu criador.

Poderíamos dizer que cada esfera da Árvore da Vida representa uma face de Deus ou um de seus aspectos. Assim o Deus que promove guerras, que comanda exércitos, está se expressando pelo seu aspecto de Gueburá. Já o Deus que perdoa, que expressa acima de tudo a misericórdia é a face divina atuando através de Hessed.

Deus é único mas expressa-se de muitas formas diferentes. E essas formas são representadas na cabala pelas esferas da Árvore da Vida.



Mas estes princípios, por serem arquetípicos e referirem-se aos estados primordiais do próprio criador, podem ser tomados como símbolos universais. A árvore é exatamente um diagrama simbólico, arquetípico e universal. Um esquema de relações essenciais que refletem os estados básicos da criação e que pode ser aplicado em todos os âmbitos desta.



Diz o princípio hermético registrado na Tábua de Esmeralda: “tal como é em cima é embaixo”. Este princípio fundamental do hermetismo é expressão de uma lei universal. Em essência cada estado da criação é uma projeção e um reflexo de um estado anterior. Assim tudo o que existe na natureza pode ser comparado diretamente a estados mais globais ou mais específicos. A mesma ordem que se vê no cosmos se vê na natureza e no homem. O homem é, na verdade, um universo em si mesmo.



Se observarmos muitas dos princípios matemáticos aplicados pelos físicos aos corpos celestes perceberemos que eles são os mesmos aplicados ao estudo do átomo. Se observarmos o comportamento da natureza externa encontraremos muitas semelhanças com nossa natureza interior. E esta observação se ampliará ainda mais se começarmos a investigar nosso espaço psicológico.

Assim a árvore como um esquema do cosmos pode ser aplicado em vários níveis. Podemos utiliza-la para estudar as relações das emanações divinas em seus estados mais primordiais. Podemos utiliza-la para estudar o universo em toda a sua organização de mundos de existência e de realidades que fogem aos nossos sentidos comuns. Podemos investigar a natureza visível sob o diagrama da Árvore da Vida. Podemos aplicar este diagrama ao homem em sua constituição física. Podemos nos aprofundar mais ainda no estudo de nós mesmos identificando todo o nosso universo interior expresso nos elementos da árvore. Para isso basta conhecer a natureza de cada esfera e identificar como esse princípio se expressa no objeto de nosso estudo. Sendo o esquema universal suas relações sempre se verificarão e apresentarão um panorama mais claro para a investigação dos elementos em questão.

Num primeiro momento é mais comum que tomemos a Árvore da Vida como esquema cósmico e divino. Com o estudo dos símbolos da árvore, com a prática da meditação e com as experiências obtidas e também com o estudo dos textos relacionados ao tema nossa compreensão sobre os elementos da árvore e de toda a Cabala Simbólica crescerá e se ampliará e poderemos, então, perceber claramente a aplicação destes símbolos e destes sistemas em vários outros âmbitos.



Este é um processo lento e que depende grandemente da intuição. Aliás, todo o estudo da cabala depende do desenvolvimento da intuição. Mas o próprio estudo e o próprio método da cabala tratará de despertar esta intuição. E neste sentido a Cabala Prática é essencial para a boa compreensão de todo o sistema.

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